Crise política e perda de apoio parlamentar precipitam decisão de Marcelo Rebelo de Sousa
Lisboa – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou nesta quinta-feira (13) a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para o dia 18 de maio. A decisão ocorre em meio à crise política gerada pela perda de apoio parlamentar do governo liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, que enfrenta questionamentos relacionados a um suposto conflito de interesses envolvendo uma empresa fundada por ele.
A situação política de Montenegro se tornou insustentável após a revelação de que a Spinumviva, empresa que fundou e atualmente pertence a seus filhos, teria recebido pagamentos de companhias com as quais o premiê teve vínculos profissionais. O caso gerou forte reação da oposição e culminou na rejeição de uma moção de confiança apresentada por Montenegro no Parlamento.
Contexto político e impacto no governo
A crise se intensificou com a decisão da Procuradoria-Geral da República de Portugal de abrir uma investigação sobre o caso. A falta de apoio de partidos como os socialistas, a extrema-direita do Chega, o Partido Comunista Português (PCP), o Bloco de Esquerda e o Livre tornou a continuidade do governo inviável, forçando a intervenção do presidente Rebelo de Sousa.
Em pronunciamento oficial, o presidente destacou que a dissolução do Parlamento era a “única solução” para garantir a estabilidade política do país. “Diante da perda de apoio parlamentar e da incapacidade de formar uma maioria, cabe ao povo decidir o futuro do governo”, afirmou Rebelo de Sousa.
Eleições antecipadas e perspectivas eleitorais
O pleito foi agendado para 18 de maio, evitando conflitos de agenda com eventos importantes no país, como uma partida de futebol e uma peregrinação a Fátima. Pesquisas eleitorais apontam uma disputa acirrada entre os socialistas e a aliança liderada por Montenegro, enquanto o Chega, partido de extrema-direita, tem enfrentado queda nas intenções de voto devido a escândalos internos.
Apesar do imbróglio político, a economia portuguesa segue apresentando um desempenho positivo, com crescimento robusto, superávits orçamentários e redução da dívida. No entanto, o governo que assumir após as eleições terá o desafio de restaurar a confiança dos investidores e garantir a estabilidade governamental em meio a um período de incerteza.
O presidente Rebelo de Sousa pediu serenidade no período eleitoral e destacou a importância de um debate sólido e respeitoso entre os candidatos. Com o cenário político fragmentado, as próximas semanas serão decisivas para a definição dos rumos do governo português.