Washington, D.C. – O governo dos Estados Unidos divulgou nesta quarta-feira (2) a lista de tarifas recíprocas que serão aplicadas a países que impõem taxas elevadas sobre produtos americanos. A medida, defendida pelo presidente Donald Trump como uma estratégia para equilibrar a balança comercial, pode impactar diretamente economias emergentes, incluindo o Brasil.
O anúncio oficial detalha as novas tarifas sobre uma série de produtos importados de países como China, União Europeia e Brasil. No caso brasileiro, um dos principais itens afetados será o etanol. Atualmente, os EUA cobram uma tarifa de 2,5% sobre o produto importado, enquanto o Brasil aplica uma taxa de 18% ao etanol americano. Com a política de reciprocidade, o imposto americano pode subir para patamares semelhantes aos impostos aplicados pelo Brasil.
Setores impactados
Além do etanol, outros setores podem ser diretamente afetados pela medida. A União Europeia, por exemplo, foi mencionada devido à sua tarifa de 10% sobre carros importados, enquanto os EUA atualmente cobram apenas 2,5% sobre veículos europeus. Com a nova política, a tarifa sobre automóveis europeus pode ser elevada para igualar a alíquota praticada pelo bloco.
Os efeitos da medida também podem ser sentidos no setor agrícola. A soja e a carne bovina, dois dos principais produtos exportados pelos EUA, enfrentam tarifas elevadas em mercados como China e União Europeia. A expectativa é que Washington imponha taxas equivalentes sobre produtos agrícolas vindos desses países.
Reação internacional
A decisão já gerou reações no cenário global. O governo brasileiro manifestou preocupação e indicou que pode recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as novas tarifas. Representantes da União Europeia também criticaram a medida, argumentando que a política de reciprocidade pode desencadear disputas comerciais e prejudicar o comércio global.
O conselheiro de comércio da Casa Branca, Peter Navarro, afirmou que as tarifas serão calculadas de acordo com as práticas comerciais de cada país. “Nosso objetivo é garantir que os Estados Unidos não sejam prejudicados por tarifas injustas. Cada país terá um número específico de acordo com suas próprias barreiras tarifárias e não tarifárias”, disse Navarro em coletiva de imprensa.
O que esperar daqui para frente?
Analistas avaliam que a política de tarifas recíprocas pode provocar ajustes no comércio global. Caso os países afetados decidam retaliar com medidas semelhantes, há o risco de uma escalada protecionista, o que poderia impactar as cadeias produtivas internacionais e a inflação nos mercados consumidores.
Para o Brasil, a maior preocupação está na possibilidade de elevação dos custos para exportadores de produtos como aço, alumínio e alimentos processados, setores que têm os EUA como destino relevante. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que buscará diálogo com autoridades americanas para evitar impactos mais severos.
Nos próximos meses, o mercado deve acompanhar as negociações diplomáticas para avaliar os desdobramentos da nova política tarifária. Especialistas recomendam que empresas brasileiras diversifiquem mercados e ampliem estratégias comerciais para minimizar eventuais perdas com a medida.