Programa lançado pelo governo soma mais de 193 mil contratos; expectativa é movimentar R$ 120 bilhões até 2025
O crédito consignado voltado a trabalhadores com carteira assinada já ultrapassou a marca de R$ 1,28 bilhão em empréstimos desde seu lançamento. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados nesta quarta-feira (27), já foram formalizados 193.744 contratos, com um valor médio de R$ 6.600 por operação.
A iniciativa faz parte do programa Crédito do Trabalhador, que tem como objetivo ampliar o acesso ao crédito para empregados do setor privado. O governo projeta que, nos próximos quatro anos, até 25 milhões de trabalhadores possam aderir à modalidade, o que poderia gerar um volume total de R$ 120 bilhões em empréstimos contratados até o fim de 2025.
Funcionamento da linha de crédito
O crédito consignado privado funciona com desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento do trabalhador. Diferente do consignado tradicional voltado a servidores públicos e aposentados, essa nova modalidade permite que qualquer trabalhador formal, inclusive empregados domésticos e trabalhadores rurais registrados no eSocial, possa contratar o empréstimo.
O processo de adesão ocorre pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, onde o trabalhador autoriza a consulta aos seus dados salariais. A partir daí, as instituições financeiras oferecem propostas de crédito, e o interessado pode escolher a opção mais vantajosa.
As taxas de juros variam conforme a instituição financeira, mas tendem a ser mais baixas do que em outras modalidades de crédito pessoal, justamente por conta da garantia do desconto automático em folha. O limite máximo do consignado é de 35% do salário líquido do trabalhador.
Impacto no mercado e desafios
Segundo estimativas do governo, o mercado de crédito consignado privado já possui cerca de 3,8 milhões de contratos ativos, movimentando R$ 40 bilhões. Com a nova política de incentivo, a expectativa é que o volume de crédito cresça substancialmente nos próximos anos.
Especialistas apontam que a ampliação dessa modalidade pode ajudar a reduzir a inadimplência entre os trabalhadores de menor renda, uma vez que o desconto automático das parcelas minimiza o risco de atraso nos pagamentos. No entanto, há desafios regulatórios, como a necessidade de garantir transparência na oferta de crédito e evitar o superendividamento dos trabalhadores.
Bancos e fintechs já começaram a expandir suas operações para atender à crescente demanda pelo consignado privado. As instituições financeiras enxergam na iniciativa uma oportunidade de ampliar a base de clientes com um produto de menor risco de inadimplência.
Perspectivas para o setor
Com a Selic em patamar elevado, o crédito consignado tende a ganhar ainda mais força como alternativa ao crédito rotativo e ao cheque especial, que apresentam juros mais altos. A modalidade se apresenta como um mecanismo para injetar liquidez na economia e, ao mesmo tempo, oferecer melhores condições para os trabalhadores que necessitam de crédito.
O governo continuará monitorando o desempenho do programa e pode realizar ajustes na regulamentação para garantir maior acessibilidade e segurança para os tomadores. Se a adesão seguir em crescimento, o crédito consignado privado pode se consolidar como uma das principais formas de financiamento para trabalhadores da iniciativa privada no Brasil.