Argentina flexibiliza câmbio e acerta pacote de US$ 20 bilhões com FMI para estabilizar economia

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Medidas encerram restrições à compra de dólares e miram reconstrução de reservas e equilíbrio fiscal até 2026


A Argentina anunciou nesta segunda-feira (14) o fim do controle cambial vigente desde 2019 e a adoção de um novo regime de câmbio flutuante administrado. A medida faz parte de um amplo pacote econômico firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê apoio financeiro de US$ 20 bilhões e reforça a estratégia do governo de Javier Milei para estabilizar a economia do país.

Segundo comunicado oficial, o novo sistema cambial estabelece uma banda entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. O Banco Central argentino poderá intervir no mercado de câmbio apenas quando a cotação sair desses limites. O anúncio foi feito em rede nacional pelo presidente Milei, que classificou a medida como “o fim definitivo do cepo cambial” — termo usado no país para se referir às restrições à compra de moeda estrangeira.

“É o passo que faltava para a recuperação da confiança e o retorno da Argentina aos mercados globais”, afirmou o presidente.


Fim do limite de US$ 200 mensais e novo ciclo de reformas

Na prática, o governo elimina o teto de US$ 200 mensais para a compra de dólares por pessoas físicas, uma das principais queixas da classe média e dos investidores locais. Também foi anunciado o início de um programa de liberalização gradual do mercado de câmbio, que deverá ser concluído até o fim de 2025.

A nova fase de reformas econômicas ocorre em paralelo ao acordo de financiamento com o FMI. O pacote prevê um primeiro desembolso imediato de US$ 12 bilhões, seguido por aportes condicionados ao cumprimento de metas fiscais e monetárias.

Além do Fundo, a Argentina contará com mais US$ 8 bilhões de apoio internacional, somando contribuições de organismos multilaterais, bancos internacionais e um swap de moedas renovado com a China.


Metas: reservas, superávit fiscal e inflação sob controle

O plano econômico acordado com o FMI estabelece três metas centrais para 2025:

  • Reconstrução das reservas internacionais em US$ 4 bilhões até dezembro;
  • Superávit primário de 1,3% do PIB até o fim do ano;
  • Redução da inflação anual para um patamar abaixo de 15% em 2026.

A equipe econômica do país projeta, ainda, que a taxa de câmbio se estabilize dentro da banda estabelecida, reduzindo pressões especulativas sobre o peso argentino e contribuindo para a normalização do sistema de preços.


Mercado reage com otimismo moderado

No mercado financeiro, a reação inicial foi positiva. O risco-país argentino recuou cerca de 80 pontos-base, e os títulos soberanos emitidos no exterior subiram até 2,5% no pregão desta segunda-feira. No entanto, analistas ainda veem riscos no médio prazo.

“É uma guinada importante, mas os desafios de governabilidade, inflação inercial e credibilidade fiscal continuam elevados”, avaliou em nota a consultoria Eurasia Group.

O mercado aguarda agora detalhes sobre como será a execução do ajuste fiscal prometido pelo governo Milei, e quais setores poderão sofrer com cortes de subsídios e reestruturação de gastos.


Resumo das medidas:

  • Fim do controle cambial e adoção de banda entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar;
  • Encerrado o limite de compra de US$ 200 por mês por cidadãos argentinos;
  • Acordo de US$ 20 bilhões com o FMI e outros US$ 8 bilhões de fontes internacionais;
  • Metas de reservas, superávit fiscal e inflação sob controle até 2026;
  • Reação positiva, mas com cautela, por parte do mercado.

A flexibilização cambial e o novo pacto com o FMI marcam uma nova etapa na agenda liberal de Milei. A efetividade do plano dependerá, agora, da implementação concreta das medidas, da reação da população e da capacidade do governo de preservar apoio político para reformas estruturais.

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