Medida começa a valer nesta quarta-feira (9) e mira retaliação à política tarifária da China; impacto pode atingir setores estratégicos e ampliar disputa global por competitividade
O governo dos Estados Unidos deu início, nesta quarta-feira (9), à cobrança de uma tarifa de 104% sobre importações da China, numa escalada significativa da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A medida, segundo a Casa Branca, responde às tarifas aplicadas por Pequim sobre produtos americanos e visa proteger a indústria nacional.
De acordo com o secretário de imprensa da Casa Branca, a ação representa uma reação direta à “retaliação injusta da China”, que havia elevado em 34% os tributos sobre itens norte-americanos. O presidente Donald Trump, que tenta se reeleger em meio a uma política econômica mais protecionista, classificou a nova tarifa como “justa e necessária”.
“Se a China nos atinge em 34%, nós responderemos com o triplo”, disse Trump em entrevista. “Eles vão querer conversar em breve.”
Efeitos esperados
A tarifa impacta uma ampla gama de produtos chineses, incluindo componentes eletrônicos, equipamentos industriais e bens de consumo. O mercado já precifica os riscos de novos desdobramentos. Analistas alertam para o risco de desorganização nas cadeias globais de suprimento e encarecimento de produtos em setores estratégicos como tecnologia, automobilístico e farmacêutico.
Economistas de grandes bancos americanos avaliam que o aumento pode pressionar os preços internos, em um momento em que a inflação nos EUA segue em trajetória de queda. Em relatório recente, o JPMorgan destacou que a medida pode comprometer o crescimento do PIB em até 0,4 ponto percentual no segundo semestre.
China promete reagir
O Ministério do Comércio da China divulgou nota afirmando que o país está pronto para “medidas firmes e proporcionais” caso os EUA não recuem. Pequim vê a tarifa como “abusiva e unilateral” e afirma que está avaliando retaliar com novas sanções sobre produtos agrícolas e industriais norte-americanos.
Na avaliação de diplomatas e especialistas em comércio internacional, o novo capítulo da disputa pode ter impactos também em países emergentes que participam das cadeias produtivas globais — especialmente no Sudeste Asiático e América Latina.
Outras tarifas também entram em vigor
Além da China, os EUA passaram a aplicar, desde o último sábado (6), tarifas de 10% sobre importações gerais de países europeus, incluindo Reino Unido, Alemanha e França. Outros países da Ásia, como Vietnã e Camboja, também foram atingidos com tributos de até 49%.
A escalada tarifária marca uma guinada no comércio internacional e preocupa organizações multilaterais. A Organização Mundial do Comércio (OMC) já alertou para os riscos de fragmentação comercial e aumento da instabilidade econômica global.
Entenda o caso
- O que aconteceu: EUA impõem tarifa de 104% sobre produtos chineses a partir desta quarta (9)
- Motivo: Retaliação às tarifas de 34% aplicadas pela China sobre produtos americanos
- Outros afetados: União Europeia (10%), Vietnã (46%), Camboja (49%)
- Reação da China: Promessa de contramedidas
- Impacto esperado: Possível desaceleração econômica e inflação de produtos importados
A nova política tarifária dos EUA reforça o cenário de tensões comerciais e pode representar um entrave adicional para a recuperação econômica global em 2025. O mercado acompanha com atenção os próximos passos da diplomacia entre Washington e Pequim.